quinta-feira, maio 05, 2011

Viver é fúria e folia

Ando me chocando… não. Assustando. Me assustando e me surpreendendo com os fatos e acontecimentos do dia a dia. Muitas vezes com o bem ( quando apenas os pássaros cantam na sua janela e você sabe que o dia pode ser perfeito). Outras com o mal ( como quando ser bom parece tão distante e vida alheia tão insignificante).

Constantemente, minha vontade é gritar. Algumas, a necessidade é de se esconder. Medo. Choque. O que estaria havendo comigo, contigo, com a vida?

O coração já parece pequeno pra tanto sentimento. A imaginação já não supera o universo da mente, porque as coisas estão realmente acontecendo.

Aquilo de sermos tudo e não sermos nada. O bem e o mal, dentro de cada um. Estaria um ficando maior que o outro? E seria o bem o vencedor?

Espero que gritar não seja a única saída e se esconder seja pra ninguém, não só para os fracos.

Os Ombros Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade

*** Lar é onde o meu coração está! ***

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