sexta-feira, janeiro 25, 2013

Tudo de bala? Eu quero é tudo de sexta-feira.

O sábado até pode ser a rosa da semana, como já exaltaria Clarice, mas a sexta-feira pode ser o jardim todo. A sexta-feira é repleta de estágios. Ao acordar, ela é cansativa, pesada. A semana inteira nas costas, toda aquela resposabilidade diária que te fez perder sono, perder paciência, perder ritmo. Mas você levanta e segue com a rotina. Afinal, o seu ganha pão está ali, nesse arrasto. À tarde, a sexta-feira já começa flertar com você. A hora do almoço já se mistura com descanso e planejamento para o entardecer. O dia já não parece mais tão longo, as horas já não parecem mais estagnadas. Ao chegar da alvorada, tudo muda. O arrebol toma conta de todo o pensamento e não há mais nada que te prenda. O sábado pode ser especial, mas como já gritaria Nelson, "a sexta-feira é o dia em que a virtude prevarica". Dai, na hora de fazer os pedidos, lembre-se da sexta-feira. Se me perguntarem, categórica direi: me vê um punhado de sexta-feira e pode ficar com o troco.

Uma ode à sexta-feira, meditando: Satisfaction - Rolling Stones

*** Lar é onde o meu coração está! ***

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Quimera

E quando tudo parece desmoronar, eis que algo te puxa e te segura. O "algo" depende de e do que cada um acredita. Mas a questão é que esse algo não te deixar desistir. Esse quê de utopia que carrego comigo é um dos meus "algos". Dentro desses "algos", tenho alguns alguéns também. O medo constante de que um dia eles não estejam por perto já me correu por dias o sono. A falta que possivelmente eles farão me coloca em constante estado de iminente inércia. Se utopia é uma realidade em potência, então a minha fantasia é essa: o sentimento de que eles sempre estarão comigo de uma forma ou de outra. Isso me conforta, mesmo que em estreita escala. Eles são tão importantes pra mim que me fazem burlar a língua portuguesa, numa busca desenfreada por uma palavra que os defina. Contudo, percebi que a definição de o quão importante eles são pra mim ainda terá muito que ser explorada. E são esses "algos" e alguéns que me motivam a sempre querer alcançar o que parece impossível.

"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
[Das Utopias - Mario Quintana]
Buscando realizar o irrealizável ao som de: Amor de Índio - Beto Guedes

*** Lar é onde o meu coração está! *** 

terça-feira, janeiro 15, 2013

13

Passado metade do primeiro mês do ano, já é possível fazer a tal reflexão sem ser piegas. Será? Minha ansiedade por este ano se equipara à criança que viu o bolo de aniversário mas ainda não pode comê-lo por não estar na hora dos parabéns. Rolam os sentimentos básicos, aqueles que atiçam os sentidos. Medo, euforia, "choro compulsivo, riso histérico", entre outros. Estar mais perto de entender o que sou e o que sinto é assustador, mas ao que parece, quanto mais o tempo passa, menos é possível entender. Sigo incompreendendo e tentando entender. Mas sigo, cantando e dançando quando dá vontade, mais saltitante que aquelas balas que explodem na boca. E vem comigo quem pode, e se apresente quem quer.


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
(Novas Poesias Inéditas - 
Alberto Caeiro)
Entre saltos e outras coisitas, ao som de: Eu quero é botar meu bloco na rua - Sérgio Sampaio

*** Lar é onde o meu coração está! ***